Há um tempo atrás me deparei com uma pesquisa disponibilizada pelo CBCA e fiquei um pouco incomodado. Nesta pesquisa são apresentados dados que indicam a fatia de mercado da construção metálica no mercado Brasileiro.
Sempre soube que este numero era baixo, ainda mais se compararmos com países de “primeiro mundo”, mais industrializados e com uma cultura construtiva bem diferente da nossa.
Pois bem, comecei a pesquisar mais sobre o assunto e, não existe muito material disponível, em função de que nossa cadeia produtiva, seja pelas construtoras, fornecedores de estruturas ou mesmo usinas, não costumam declarar estas informações ou, ao informar, não serem muito assertivos sobre estas.
Fiquei com aquele numero na cabeça, obras comerciais possuem uma fatia de menos de 4,6% do mercado, sendo que 0,7% são de estrutura mista aço/concreto. Este <1% ao meu ver, é o que representa nossa fatia para o segmento de múltiplos andares, pois dificilmente temos obras comerciais 100% metálicas, apenas obras menores. Estes 3,9% de utilização devem estar restritos a coberturas, marquises, elementos de fachada etc.
Em 2013 fizemos um estudo do mercado na empresa aonde trabalho, e concluímos que nosso mercado para obras comerciais era algo próximo a 3%. Dentro destes 3%, existiam cerca de 160 empresas fornecedoras de estrutura metálica no brasil. Hoje, somos mais de 400 empresas, com um mercado que encolheu. Boa parte das empresas de estruturas metálicas hoje passa por dificuldades, como a maioria da cadeia construtiva no país. Claro, a fatia que estas empresas disputam não é tão pequena assim, se considerarmos todos segmentos, como galpões, obras industriais e infraestrutura, esse numero chega próximo a 8,4% (segundo a mesma pesquisa), ainda bem abaixo dos 60% e 70% de países como EUA e Reino Unido.
Mas meu objetivo era analisar edificações verticais, obras com características como as de galpões tem a estrutura metálica como principal solução, e uma fatia bem relevante do mercado. Agora este mercado de obras verticais, sejam comerciais, residenciais, educacionais ou de saúde, é um mercado imenso, que ainda anda a passos curtos para uma industrialização. São inúmeras questões, como cultural, custos, impostos e o próprio desconhecimento.
Lancei esta pergunta no Linkedin e fiquei surpreso, que a maior parte das respostas enxerga o quão pequeno é nosso mercado (pode ser porque boa parte da minha rede é do segmento). Agora a pergunta que eu faço é a seguinte, como podemos fazer este mercado de 1%, 3% ou 8% crescer, e nós termos no Brasil, números que façam a industrialização da construção brasileira ser reconhecida mundialmente? O mercado da construção brasileira movimenta cerca de R$ 1 trilhão por ano, é uma potência mundial, maior que o PIB da maioria dos países do mundo, até quando iremos construir como a 100 anos atrás?
Hoje, tenho percebido um reaquecimento deste debate, construções modulares, obras metálicas, pré-fabricadas, madeira engenheirada ou ainda, obras hibridas. O mercado começa enxergar valor em algumas características que vão além de custo e prazo, características como nosso impacto no planeta. Segundo o instituto de pesquisa britânico Chatham House se a indústria do cimento fosse um país, ela seria o terceiro maior emissor de CO2 do planeta terra – atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Ela contribui por cerca de 8% das emissões globais de CO2. Estima-se que os Resíduos da Construção Civil podem representar de 50% a 70% do total dos resíduos no Brasil. Todos estes números podem ser reduzidos drasticamente através da industrialização da construção. O crescimento populacional previsto para a próxima década vai nos forçar a buscar soluções mais eficientes, o ponto é, estaremos prontos para esta próxima fase?