Quando se fala em orçamentação de mão de obra de montagem, em obras de estruturas metálicas, a primeira referência que se tem em mente para dimensionar o efetivo de pessoal é a determinação do hh/t (hora homem consumido por tonelada montada) que será utilizado para determinar a produtividade e os custos de montagem.
Esta metodologia ainda continua válida sendo utilizada especialmente para obras industriais e infraestrutura pesada. Já para obras metálicas mais leves, tais como galpões industriais e centros de distribuição é possível utilizar a técnica da linha de balanço como metodologia de orçamentação de montagem, com algumas vantagens que serão explicadas ao longo do texto.
A linha de balanço é uma técnica de “lean construction” utilizada na construção civil para o planejamento e controle de atividades. Sua aplicação é bastante indicada para situações que caracterizem a realização de atividades repetitivas, tendo como uma de suas principais vantagens a possibilidade de realizar o sequenciamento correto das atividades e também a determinação do ritmo de produção desejado para a obra, além de permitir um controle visual de todo o sequenciamento e também da alocação de recursos ao longo do tempo.
Ao analisarmos uma obra de um galpão industrial leve ou centro de distribuição em estrutura metálica, é possível observar algumas características que facilitam a aplicação da linha de balanço como metodologia de orçamentação de montagem:
Geometria regular: via de regra, estas obras têm como característica apresentar uma geometria regular o que facilita em muito a definição das etapas ou unidades de repetição do método;
Estrutura Padronizada: como consequência da geometria regular, a estrutura também terá muitas peças padronizadas, o que garante uma assertividade na definição da produtividade de montagem em função da repetitividade da execução;
Maior Flexibilidade de ajuste do Ritmo de Produção: por ser uma obra onde majoritariamente o desenvolvimento da montagem se dá no sentido horizontal, é mais fácil realizar incrementos tanto de mão de obra quanto de equipamentos, afim de ajustar o ritmo de produção em comparação com uma obra onde o desenvolvimento da montagem se dá no sentido vertical, onde podem existir restrições de locação de equipamentos de içamento por exemplo.
A aplicação do método compreende as seguintes tarefas:
1) Divisão da obra em fases ou etapas.
Esta divisão tem por objetivo determinar o que a literatura chama de unidade básica ou unidade de repetição. Para um galpão logístico a obra é dividida em fatias em função de seu comprimento, as quais correspondem a módulos de produção e montagem. Ex.: Em um galpão de 100 m de largura por 200 m de comprimento teríamos como etapas de produção 5 módulos de 100 m de largura por 40 m de comprimento.
2) Determinação dos quantitativos de cada etapa
Nesta fase, uma vez que as etapas já estão definidas se levantam os quantitativos separados por cada etapa ou unidade básica.
3) Determinação da quantidade de equipes e das taxas de produtividade
A partir da definição das etapas e dos quantitativos se determina a produtividade, levando em consideração a execução de atividades repetitivas. Esta é a tarefa chave do processo, pois exige do orçamentista bastante conhecimento para aplicar a taxa de produtividade correta, em função das características específicas da obra. Como este prazo geralmente é definido pelo cliente, aqui são feitos os ajustes tanto de produtividade quanto no número de pessoas e equipamentos, de maneira a cumprir o prazo de execução.
4) Desenho da linha de balanço
Consiste na criação e representação gráfica da distribuição dos recursos nas diversas fases. Permite a visualização de sobreposições e improdutividades.
5) Verificação de sobreposições e otimização da utilização das equipes
Aqui se realizam as otimizações através da visualização da linha de balanço.
6) Precificação
Os dados necessários para a precificação da mão de obra e de equipamentos são obtidos a partir da conclusão da linha de balanço.
Em comparação com as técnicas de orçamentação tradicionais esta metodologia apresenta as seguintes vantagens:
1) Ferramenta visual que permite avaliar sobreposições e improdutividades de maneira gráfica;
2) Alocação mais assertiva dos recursos necessários à execução da obra;
3) Melhor previsibilidade de execução;
4) Maior competitividade como um todo para o orçamento.
Uma dúvida que pode surgir diz respeito a possibilidade de aplicação desta técnica para outros tipos de orçamentos de montagem de estruturas metálicas.
Teoricamente a sua utilização é possível, porém a experiência prática mostra que uma obra industrial pesada não apresenta as características ideais para a aplicação da técnica.
Como o regime de contratação da obra na maioria dos casos é a preço unitário, não existe certeza quanto aos quantitativos finais do contrato, o que dificulta um planejamento mais efetivo das etapas.
Também é bastante comum neste tipo obra, que na fase de orçamento que não sejam disponibilizados desenhos suficientes que permitam um estudo mais aprofundado dos ritmos de produção necessários para a obra.
As interferências com outras disciplinas (especialmente eletromecânica) não são totalmente conhecidas nesta fase.
Sendo assim, a aplicação desta técnica mesmo que teoricamente possível, ficaria sujeita a um grau de incerteza bastante alto, não garantindo o principal objetivo de aplicação da técnica que é a otimização de recursos e maior competitividade do orçamento.
Diante do exposto até aqui, pode-se concluir que a utilização da técnica da linha de balanço para a realização de orçamentos de montagem traz benefícios consideráveis na otimização de recursos e por consequência na melhoria da competitividade do orçamento, porém está restrita a um grupo específico de obras que apresentem determinadas características que permitam a sua aplicação.